Carne bovina é um dos produtos que Brasil vende tanto aos EUA quanto à China — Foto: Getty Images via BBC
Divergência nas pautas comerciais
Apesar de China e Estados Unidos figurarem como os dois principais parceiros comerciais do Brasil, especialistas alertam para um ponto crucial: os produtos exportados para cada um desses mercados são consideravelmente distintos. Enquanto a pauta brasileira com os Estados Unidos é composta, em boa parte, por bens manufaturados e de alta complexidade — como aviões, autopeças e lingotes de aço —, a exportação para a China é centrada em commodities, como soja, minério de ferro e petróleo bruto.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) apontam que, no primeiro semestre de 2025, cerca de 40% das exportações brasileiras para a China foram de soja, 19% de petróleo e 17% de minério de ferro. Essa concentração torna difícil o escoamento imediato de bens industrializados para o mercado chinês.
Apesar de China e Estados Unidos figurarem como os dois principais parceiros comerciais do Brasil, especialistas alertam para um ponto crucial: os produtos exportados para cada um desses mercados são consideravelmente distintos. Enquanto a pauta brasileira com os Estados Unidos é composta, em boa parte, por bens manufaturados e de alta complexidade — como aviões, autopeças e lingotes de aço —, a exportação para a China é centrada em commodities, como soja, minério de ferro e petróleo bruto.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) apontam que, no primeiro semestre de 2025, cerca de 40% das exportações brasileiras para a China foram de soja, 19% de petróleo e 17% de minério de ferro. Essa concentração torna difícil o escoamento imediato de bens industrializados para o mercado chinês.
Possibilidades e limitações
Para o economista Guilherme Klein, da Universidade de Leeds, alguns produtos como carne bovina, petróleo e minério poderiam ser parcialmente absorvidos pela China, ainda que a preços menos competitivos. “No caso do minério, por exemplo, já existe um excesso de oferta global, o que derruba os preços e limita o impacto positivo para o Brasil”, explica.
Klein acrescenta que uma possível ampliação das compras chinesas poderia ocorrer por interesse geopolítico, como forma de demonstrar alinhamento diplomático em meio à tensão com os Estados Unidos, mas reforça que as incertezas políticas e comerciais dificultam previsões mais firmes.
Para o economista Guilherme Klein, da Universidade de Leeds, alguns produtos como carne bovina, petróleo e minério poderiam ser parcialmente absorvidos pela China, ainda que a preços menos competitivos. “No caso do minério, por exemplo, já existe um excesso de oferta global, o que derruba os preços e limita o impacto positivo para o Brasil”, explica.
Klein acrescenta que uma possível ampliação das compras chinesas poderia ocorrer por interesse geopolítico, como forma de demonstrar alinhamento diplomático em meio à tensão com os Estados Unidos, mas reforça que as incertezas políticas e comerciais dificultam previsões mais firmes.
Impactos em setores estratégicos
Entre os segmentos mais afetados pela tarifa de 50%, destacam-se os produtos de maior valor agregado. A indústria aeronáutica, por exemplo, pode sofrer duros impactos. Segundo análise do banco Itaú BBA, cerca de 60% da receita da Embraer provém da América do Norte, e quase metade disso está exposta às consequências do novo imposto, seja por redução de demanda ou queda na margem de lucro.
Outro setor ameaçado é o de suco de laranja. A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) classificou a medida como “insustentável”. Com 41,7% das exportações destinadas aos EUA e já submetidas a uma sobretaxa vigente, a indústria teme perdas significativas. A Europa, principal destino alternativo com 52% das exportações atuais, não teria capacidade de absorver a possível sobra de produção sem comprometer os preços.
Entre os segmentos mais afetados pela tarifa de 50%, destacam-se os produtos de maior valor agregado. A indústria aeronáutica, por exemplo, pode sofrer duros impactos. Segundo análise do banco Itaú BBA, cerca de 60% da receita da Embraer provém da América do Norte, e quase metade disso está exposta às consequências do novo imposto, seja por redução de demanda ou queda na margem de lucro.
Outro setor ameaçado é o de suco de laranja. A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) classificou a medida como “insustentável”. Com 41,7% das exportações destinadas aos EUA e já submetidas a uma sobretaxa vigente, a indústria teme perdas significativas. A Europa, principal destino alternativo com 52% das exportações atuais, não teria capacidade de absorver a possível sobra de produção sem comprometer os preços.
Esforços diplomáticos e tensões políticas
Enquanto isso, autoridades brasileiras têm intensificado esforços diplomáticos. Uma comitiva de senadores esteve em Washington para dialogar com representantes da Câmara de Comércio americana. Paralelamente, o vice-presidente Geraldo Alckmin busca interlocução com o Departamento de Comércio dos EUA para negociar uma lista de isenções.
A medida norte-americana, no entanto, parece ter motivações que ultrapassam o campo econômico. Embora os Estados Unidos mantenham superávit comercial com o Brasil — com saldo de US$ 283,8 milhões em 2024 e de US$ 1,67 bilhão no primeiro semestre de 2025 —, o presidente Donald Trump vinculou a tarifa ao processo criminal envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em carta enviada a Luiz Inácio Lula da Silva, Trump alegou haver perseguição política e censura no Brasil.
Lula reagiu com firmeza: “O Brasil é uma nação soberana, com instituições independentes, e não aceitará qualquer tipo de tutela estrangeira.” O presidente brasileiro também reiterou que o julgamento dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado cabe exclusivamente à Justiça do país.
Frente à complexidade da situação, o redirecionamento das exportações para a China não surge como uma solução eficaz e imediata. Ainda que parte dos produtos — especialmente commodities — possa encontrar novos compradores, setores industrializados, como o aeroespacial e o automotivo, enfrentam sérias dificuldades de adaptação. As medidas adotadas pelos EUA configuram, segundo especialistas, uma quase sanção econômica, motivada por fatores políticos que desafiam a diplomacia brasileira.
Enquanto isso, autoridades brasileiras têm intensificado esforços diplomáticos. Uma comitiva de senadores esteve em Washington para dialogar com representantes da Câmara de Comércio americana. Paralelamente, o vice-presidente Geraldo Alckmin busca interlocução com o Departamento de Comércio dos EUA para negociar uma lista de isenções.
A medida norte-americana, no entanto, parece ter motivações que ultrapassam o campo econômico. Embora os Estados Unidos mantenham superávit comercial com o Brasil — com saldo de US$ 283,8 milhões em 2024 e de US$ 1,67 bilhão no primeiro semestre de 2025 —, o presidente Donald Trump vinculou a tarifa ao processo criminal envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em carta enviada a Luiz Inácio Lula da Silva, Trump alegou haver perseguição política e censura no Brasil.
Lula reagiu com firmeza: “O Brasil é uma nação soberana, com instituições independentes, e não aceitará qualquer tipo de tutela estrangeira.” O presidente brasileiro também reiterou que o julgamento dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado cabe exclusivamente à Justiça do país.
Frente à complexidade da situação, o redirecionamento das exportações para a China não surge como uma solução eficaz e imediata. Ainda que parte dos produtos — especialmente commodities — possa encontrar novos compradores, setores industrializados, como o aeroespacial e o automotivo, enfrentam sérias dificuldades de adaptação. As medidas adotadas pelos EUA configuram, segundo especialistas, uma quase sanção econômica, motivada por fatores políticos que desafiam a diplomacia brasileira.
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