Cerca
de 42,4 mil pessoas se reuniram no domingo (21) na avenida Paulista, na
região central de São Paulo, para protestar contra a anistia aos condenados por
tentativa de golpe de Estado e a chamada PEC da Blindagem, que prevê exigência
de autorização do Congresso para processar criminalmente deputados e senadores. A estimativa de público é do Monitor do
Debate Político no Meio Digital, vinculado à USP (Universidade de São Paulo).
Ao
todo, 33 cidades tiveram atos, incluindo todas as capitais. Com críticas ao Congresso Nacional, os
manifestantes exigiram a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele já está
condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, organização
criminosa, entre outros crimes.
Convocadas
pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligados ao PSOL, PT e
movimentos populares, as manifestações contaram com a presença de
sindicatos, grupos estudantis, artistas e movimentos sociais, como
o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), além de outros partidos de esquerda e
centro-esquerda.
Reginaldo Cordeiro de Santos Júnior é
professor universitário no curso de Serviço Social e esteve na Paulista. Não
mora em São Paulo, mas aproveitou que tinha um compromisso na cidade e
antecipou a vinda especialmente para participar da manifestação.
“Nós estamos aqui na luta
pela democracia contra a PEC da Blindagem, na luta contra todo o retrocesso do
que foi conquistado em 1988. Isso é muito importante para que a juventude
entenda tudo que a gente conseguiu conquistar em 1988 com a Constituição
Federal. A gente precisa trazer à tona toda essa problemática que está sendo
posta no Congresso brasileiro”, disse.
Professora aposentada pelo
estado de São Paulo, Miriam Abramo teme pela volta da ditadura no Brasil e
acredita que a PEC da Blindagem pode ser um encurtamento do caminho para que o
país reviva o período.
“Estou aqui porque tenho
75 anos e eu vivi a época na qual você não tinha direitos de nada. Eu votei
pela primeira vez para presidente da República quando eu tinha 40 anos e eu não
quero que essa juventude espere ter 40 anos para poder escolher seu presidente
novamente”, destacou a professora.
O professor de artes
marciais Renato Tambellini não apenas foi se manifestar como levou a filha de
12 anos, Luiza, para mostrar a ela a importância da manifestação popular e para
que ela já comece a participar. Ele contou que sempre conversa sobre todos os
temas com a Luiza e seu irmão.
“Explico a eles que é preciso se mobilizar,
reivindicar direitos. E nesse momento é imprescindível, com a gente saindo de
uma tentativa de golpe. Acredito que finalmente podemos viver um momento
histórico com a condenação de golpistas no país. E temos que estar na rua
mostrando que estamos apoiando isso para consolidar ainda mais a nossa
democracia”.
Tamikuã Txih, do povo
Pataxó, da terra indígena do Jaraguá, na região Oeste de São Paulo, defende que
a luta é de todos os povos e que para mudar a situação é preciso tomar as ruas
e mostrar a força do povo.
“Precisamos dizer que nós
não aprovamos a PEC da Blindagem. Nós não podemos aceitar as grandes
atrocidades que o Congresso ou que os futuros parlamentares venham a fazer
saindo impunes. Por isso dizemos não à impunidade. Isso é uma angústia e uma
vergonha para o Brasil que tem o Congresso articulando na cara do povo para
ainda isso terminar com a anistia”.
FONTE: Agencia brasil
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